segunda-feira, 24 de novembro de 2008

NOMA Encouragement Prize!

OUTRAS TANTAS HISTÓRIAS INDÍGENAS DE ORIGEM DAS COISAS E DO UNIVERSO, recontadas por Daniel Munduruku (Global Editora). Duas tratam da origem do fogo (mito Tariano, do Amazonas, e mito Bororo, de Mato Grosso); uma terceira sobre a origem do Universo (mito Aruá, de Rondônia), e uma quarta sobre a origem do povo Kaiapó, do Pará. São histórias que revelam a concepção mitológica de alguns dos povos indígenas do Brasil e a maneira como "receberam seus bens culturais".

Para ilustrá-las produzi pirografias, que foram tingidas com pigmentos naturais variados e depois fotografadas. Por esses trabalhos de temática indígena recebi a medalha "Encouragement Prize" do 16th NOMA Concours for Picture Book Illustrations, 2008. Dois brasileros ficaram entre os 33 artistas premiados: eu e Cláudio Martins. Levou o grande prêmio Wen Hsu (Costa Rica), pelo trabalho Nadi & Xiao Lan. Os dois segundo lugares couberam a Fereshteh Najafi (Irã) e Alaeldin Elgizouli Naeim (Sudão). O concurso é organizado desde 1978 pelo Asia/Pacific Cultural Centre for Unesco (ACCU). Nossas ilustrações serão publicadas no catálogo oficial e exibidas na Biblioteca Internacional de Literatura de Tóquio, no Japão, de 14 de marco a 5 de julho de 2009. E depois estarão também em Bratislava, na Eslováquia. Mais informações estarão disponíveis no website do Prêmio NOMA a partir de janeiro de 2009.

sábado, 1 de novembro de 2008

ILUSTRADORES_SIB: LITERATURA INFANTIL E JUVENIL (PORTUGUÊS/INGLÊS)

Ilustradores SIB – Literatura Infantil e Juvenil
SIB illustrators – Books for Young People
CLIQUE AQUI PARA ADQUIRIR SEU EXEMPLAR
Em 176 páginas coloridas estão as ilustrações de Adriano Renzi, Alarcão, Alcy, Alê Abreu, Ana Maria Moura, Andrea Ebert, Andrés Sandoval, Biry Sarkis, Cárcamo, Catani, Cecilia Esteves, Cris Eich & J-C Alphen, Daniel Bueno, Daniel Diaz, Fábio Sgroi, Fernando Vilela, Galvão, Guazzelli, Guto Lins, Hare Lanz, Ionit Zilberman, Jorge Zaiba, Junião, Laura Teixeira, Laurent Cardon, Levyman, Lúcia Hiratsuka, Luiz Maia, Marcelo Martinez, Marcello Araújo, Marcos Guilherme, Mario Bag, Mauricio Negro, Mauro Souza, Orlando, Rodrigo Rosa, Rogério Soud, Rosinha, Rui de Oliveira e Suppa.

O catálogo é o primeiro da série "Ilustradores SIB", criada pela Sociedades dos Ilustradores do Brasil e editada em parceria com a 2AB Editora. Vencedores do Prêmio Jabuti e artistas "Altamente Recomendados" pela FNLIJ dividem espaço nesta caprichadíssima edição, onde 40 dos mais talentosos ilustradores brasileiros da atualidade desfilam técnicas e estilos diversos, enquanto apresentam seus melhores projetos criados especialmente para o mercado de literatura Infantil e juvenil.

Projeto Editorial de Marcelo Martinez e Mauricio Negro
Projeto gráfico de Laboratório Secreto
Curadoria de Mauricio Negro e Daniel Bueno
Assistência editorial de Rogério Soud
www.sib.org.br

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A PALAVRA DO GRANDE CHEFE: NA CASA DE LIVROS

CASA DE LIVROS CONVIDA............PROJETO AUTOR NA CASA
Algumas pirogravuras – feitas para diversos livros – estão expostas na Livraria Casa de Livros desde 19/09. Nesse mesmo sábado participei de um bate-papo com os alunos do Colégio Pueri Domus. Falamos sobre cultura, arte, literatura, ilustração e, em especial, sobre meu mais recente lançamento – A PALAVRA DO GRANDE CHEFE – escrito em parceria com Daniel Munduruku. Em troca, além do carinho da garotada, recebi como presente uma versão artesanal do livro, montada, escrita e ilustrada pela turminha abaixo! As imagens são da fotógrafa Juss, que registrou meu ateliê e o encontro com as crianças.Agradeço às queridas Ângela e Denise a oportunidade de participar como convidado do projeto O AUTOR NA CASA. Os interessados podem conferir minhas ilustrações de segunda a sexta, das 8h00 às 18h00, e aos sábados, das 9h00 às 13h00.

L I V R A R I A C A S A D E L I V R O S
Rua Capitão Otávio Machado, 259 Chácara Sto. Antonio - Sto. Amaro
(travessa da Av. Santo Amaro altura do n.º 6450)
Fone: 11 5182-4227

Eu e Daniel Munduruku no lançamento no 10º Salão FNLIJ, no Rio.

Corria o ano de 1854 e o então presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce – para acomodar os anglos-europeus que chegavam à América para ocupar as terras onde atualmente situa-se o Estado de Washington –, fez uma proposta aos povos indígenas Duwamish e Suquamish para comprar parte dos seus territórios. Em contrapartida oferecia a concessão de uma outra reserva.

A resposta do líder, Noah Sealth, mais conhecido como Chefe Seattle, ao grande chefe de Washington, acabou se transformando em um documento valiosíssimo que ainda hoje, há mais de cento e cinqüenta anos, impressiona e emociona por sua surpreendente contemporaneidade. É um dos mais belos e profundos manifestos já apresentados em defesa do meio ambiente. Um discurso memorável, límpido, incisivo e de uma extraordinária força poética e percepção do sagrado na natureza.

A Palavra do Grande Chefe que a Global Editora acaba de levar às livrarias é uma adaptação livre, poética e ilustrada do discurso do Chefe Seattle. Eu e Daniel, por meio de um texto claro e ilustrações simbólicas, buscamos recuperar suas proféticas palavras para uma geração de cidadãos e leitores tão carentes de grandes líderes.

O famoso discurso foi ilustrado com pirogravuras, feitas sobre madeira semelhante ao cedro vermelho, que os povos indígenas da costa noroeste da América do Norte costumavam entalhar e gravar à fogo para fazer seus totens, utensílios e canoas.

“— A terra não pertence ao homem. O homem a terra pertence.
E tudo está interligado, como o sangue que une uma família.
O que atinge a terra atinge os filhos da terra.
Pois não foi o homem que teceu a trama da vida.
Ao contrário, por ela foi tecido.
E o que fizer à trama fará a si próprio”.

Chief Seattle, a hereditary leader of the Suquamish Tribe, was born around 1786, passed away on June 7, 1866, and is buried in the tribal cemetery at Suquamish, Washington. The speech Chief Seattle recited during treaty negotiations in 1854 is regarded as one of the greatest statements ever made concerning the relationship between a people and nature. It was first published in the Seattle Sunday Star, Seattle, Washington Territory, October 29, 1887. The meeting had been called by Governor Isaac Stevens to discuss the surrender or sale of native land to white settlers. Doc Maynard introduced Stevens, who then briefly explained his mission, which was already well understood by all present. Chief Sealth then rose to speak. He rested his hand upon the head of the much smaller Stevens, and declaimed with great dignity for an extended period. No one alive today knows exactly what he said; he spoke in the Lushootseed language, and someone translated his words into Chinook Indian trade language, and a third person translated that into English. Some years later, Dr. Henry A. Smith wrote down an English version of the speech, based on his notes or maybe just a fragment of his speech. In fact the speech has been retold and published many times in differente places. Our new edition presents a poetical and illustrated Brazilian version. Daniel Munduruku, writer and indigenous (from Amazonian Munduruku people) is my partner in this free adaptation. We offer a brand new look about the famous episode. Just like the other versions of the same speech its essence was preserved. His sacred speech keeps alive because it's a blend of expectations. A common dream for many people all over the world.

terça-feira, 29 de julho de 2008

A ODISSÉIA OLÍMPICA (RE)COMEÇA NESTA QUINTA!


LANÇAMENTO.......... ODISSÉIA OLÍMPICA, de Marcos Abrucio
Ilustrações e design: Mauricio Negro
QUINTA-FEIRA, 31/07/2008 às 19h00
Livraria da Vila da Alameda Lorena, 1731 - piso superior
Jardins - São Paulo - SP
+ INFO: 11 3062-1063


Às vésperas do início das competições esportivas na China, a Editora Cortez, o autor e eu convidamos a todos para conhecer este livro que traz momentos marcantes, dramáticos, míticos, inspiradores e também divertidos da história dos jogos olímpicos e seus heróis, da Grécia Antiga aos dias de hoje. Mais informações e duas páginas duplas em CLUBE ON LINE.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

ILUSTRABRASIL! 5: GALHARDO E TAS EM 08/07


Às 20h00 da próxima terça-feira, 08/07, acontecerá a última palestra do IlustraBrasil!5 (organizado pela SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil) em São Paulo. Caco Galhardo e Marcelo Tas falarão sobre personagens nos quadrinhos e na TV, na unidade Lapa Scipião do Senac, que fica na Rua Scipião, 67, Lapa.

A exposição, com 97 trabalhos de artistas associados da SIB, permancerá aberta aos visitantes até 13 de julho de 2008, com horário de visitação de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 22h00, e aos sábados das 9h00 às 16h30. Informações pelo telefone 11 3475-2200. Programação em: http://www.ilustrabrasil.com.br

quarta-feira, 4 de junho de 2008

MÁS SUEÑOS EN PAPEL!


Tem sido grande a repercussão da mostra internacional de ilustrações infantis organizada pelo Trompo Mágico – que conseguiu reunir 124 trabalhos de 78 artistas (12 dos quais, brasileiros). Outras 40 imagens estão expostas na Vila Fantasia do Museu de Arte de Zapopan. Todos esses trabalhos poderão ser conferidos pelo público pelo período de um ano, 24 horas por dia e gratuitamente. Fico feliz por ter colaborado para estimular a participação dos colegas brasileiros e também pela oportunidade de expor um piroretrato de um Kaiapó, feito originalmente para um livro do Daniel Munduruku. Visite aqui a mostra SUEÑOS EN PAPEL.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

COM A PALAVRA, O GRANDE CHEFE!


Lançar A PALAVRA DO GRANDE CHEFE é um sonho compartilhado com o escritor e parceiro Daniel Munduruku. Durante alguns anos reunimos diversas versões, recortes e fragmentos – dos mais diversos autores – que se prontificaram a recontar o célebre pronunciamento do carismático líder indígena. Fizemos nossa própria releitura, que funde livremente o material coletado em diferentes fontes e idiomas.

Em 1854 os anglo-europeus precisavam assentar suas famílias no novo mundo. O governo dos Estados Unidos propôs comprar o território indígena de Puget Sound, atual Estado de Washington. O Governador Isaac Stevens reiterou a oferta de compra ao líder dos povos Suquamish e Duwamish. O Chefe Seattle, como era conhecido, sabia que devia aceitá-la para evitar o risco de mais um enfrentamento.

Sua resposta tornou-se um discurso memorável, graças à clareza, contundência e à extraordinária força poética e percepção do sagrado na natureza. Esse pronunciamento tem sido por muitos recontado, já há mais de um século e meio. Transformou-se em um relato mítico que ganha novos relevos a cada releitura.

O sublime essencial permanece em todas essas versões. Quem jamais conheceu nenhuma delas, ou mesmo quem guarda o discurso na memória, terá uma outra oportunidade de ler A PALAVRA DO GRANDE CHEFE. Dessa vez, ilustrada com pirogravuras colorizadas com pigmentos naturais e elementos orgânicos tridimensionais, cuja elaboração foi balizada pela iconografia tradicional dos povos nativos da região. Ressalva apenas à caracterização do homem branco, feita com metal enferrujado e apetrechos ferroviários, como um símbolo da industrialização e do materialismo nascentes.

Lançamento no sábado, 24/05, às 16h00, no espaço biblioteca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, durante o 10º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Expo Sueños en Papel


La invitación de la Inauguración de la Muestra Internacional de Ilustradores Infantiles Sueños en Papel. Brasil será el segundo, sólo después de Mexico, en participantes entre los 78 ilustradores seleccionados. Feliz estoy en hacer parte con dos sueños pirogravados!

TROMPO MÁGICO MUSEO INTERACTIVO > http://trompomagico.jalisco.gob.mx/

MUSEO DE ARTE DE ZAPOPAN > www.mazmuseo.com

domingo, 13 de abril de 2008

LER É 10, LEIA FAVELA


Otávio Jr., autor e promotor de leitura, tem 24 anos e reside no complexo do Alemão no Rio de Janeiro. É o criador e coordenador do projeto LER É 10 - LEIA FAVELA, que busca aumentar o índice de leitura local e democratizar o acesso ao livro em comunidades de baixa renda. Há quase dois anos pesquisa iniciativas de incentivo à leitura e projetos para estimular leitores em comunidades carentes como a sua. Estruturou uma biblioteca que cresce a cada dia, graças às colaboração de doadores sensibilizados pela sua atitude espontânea, engajamento e amor pelo que faz. Recentemente meu livro Quem não gosta de fruta é xarope foi doado ao seu acervo pela AEI-LIJ. Visite os LINKS a seguir para conhecer o que esse brasileiro tem feito pela leitura (algo que nossos governantes deveriam levar em conta ao traçar suas estratégias públicas):

http://www.leredezleiafavela.blogspot.com/
http://extra.globo.com/rio/materias/2007/07/21/296905767.asp
http://caldeiraodohuck.globo.com/Huck/0,6993,THE1-943-11959,00.html
http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,VJS0-3076-20070515-281310,00.html
http://extra.globo.com/multimidia/default.asp?pag=6&op=paginar&EDT_Sigla=&MTP_Id=A
http://www.call.org.br/reportagem_julho2.asp
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/09/02/materia.2007-09-02.7492690112/view

terça-feira, 1 de abril de 2008

Seleção Oficial para Muestra Sueños en Papel México, 2008


A comissão julgadora da Muestra Internacional de Ilustradores Infantiles "Sueños en Papel" – cuja inauguração está prevista para o dia 29 de abril de 2008, no Museu Interativo Trompo Mágico e Museu de Arte de Zapopan – recebeu uma total de 214 trabalhos. Dos quais 124 foram selecionados, oriundos de 12 países diferentes. O Brasil ficou apenas atrás do México, que sedia o evento. Entre os trabalhos brasileiros selecionados estão duas pirogravuras minhas e trabalhos do Luciano Tasso, parceiro de estúdio. Maiores Informações em http://trompomagico.jalisco.gob.mx/

SELEÇÃO BRASILEIRA

Adriano Renzi
Biry Sarkis
Daniel Kondo
Daniel Bueno
Guazzelli
Hare
Junião
Jean-Claude
João Lin
Luciano Tasso
Catani
Mauricio Negro
Orlando
Renato Faccini Bulhões

Seleção Oficial para o XVI Salão de POA, 2008


Eis os trabalhos selecionados para a categoria editorial pelo XVI Salão Internacional de Desenho para a Imprensa de Porto Alegre, edição 2008. Dela constam dois trabalhos meus feitos para o livro "A primeira estrela que vejo é a estrela do meu desejo", do Daniel Munduruku. Também já anunciaram os vencedores. Meu parceiro de estúdio, Luciano Tasso, ficou com o primeiro posto na categoria editorial!

CATEGORIA ILUSTRAÇÃO EDITORIAL

Weberson Santiago.............Revista V - 50 anos da Bossa Nova
António Jorge Gonçalves..........................Prazer da Leitura
Artur Eduardo Sanfelice Nunes.............................S/ Título
Caio Cesar Expedito Majado......................Guia de monstros
Camilo Riani..........................................S/ Título (Lula)
Eduardo DUPON Medeiros............................Doze cachorros
Jiang Lindong.......................The room of pregmont woman
João Monteiro Vieira de Melo (Lin).................Anabela (capa)

Luciano Tasso..............Escritório/Teste do Pezinho/Amazônia

Marcos Aurélio Neves Gomes...................O Gato dos Telhados
Mauricio Carlos Planel Rossielo...............................Pólo sul

Mauricio Negro........................................Estrela / Colibri

Maurício Terêncio do Vale...........................Mapa de Laguna
Paulo Caruso...................................................S/ Título
Pedro Franz Broering....................Cavalgando o elefante rosa
Rogério de Souza Coelho......................Foi um dia Um dia foi
Tomás Rafael Rodríguez Zyas...........El peligro de ser um jabon
Carlus...........................................................Canudos


Fonte: www2.portoalegre.rs.gov.br/smc

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Nina gosta de fruta



Minha sobrinha, que tem só quatro anos, foi estimulada pela professora para desenhar sua história favorita, logo na primeira semana de aula. Espontaneamente e, de memória, fez o desenho acima. Fazendo a comparação com a pirogravura que fiz para a capa do poema QUEM NÃO GOSTA DE FRUTA É XAROPE percebi como foi capaz de captar os detalhes essenciais da ilustração. Subestimar uma criança é mesmo uma xaropice!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Biennial of Illustrations Bratislava 2007



A Bienal de Ilustração de Bratislava – BIB é uma tradicional mostra competitiva internacional de originais de ilustradores de todo o mundo, realizada na Eslováquia. Em 2007, entre os 388 ilustradores selecionados de 38 países, o Brasil exibiu os trabalhos de dezessete ilustradores. Fiquei muito feliz em fazer parte desse grupo seleto, participando da exposição e do respectivo catálogo da 21ª edição do evento, com as pirogravuras feitas para o meu poema QUEM NÃO GOSTA DE FRUTA É XAROPE. Pelo mesmo trabalho recebi também a menção honrosa no XV Salão Internacional de Desenho para a Imprensa de Porto Alegre, na categoria editorial.

Mais um pulo do gato!


Em breve, estará na praça mais uma edição do Balaio de Gato, meu segundo livro lançado pela Global. Muito obrigato, pessoal!

Entrevista à jornalista Paula (Editora DCL)

Artista completo, autor e ilustrador, Negro conta nesta entrevista exclusiva que “algumas vezes o conteúdo do livro surge com as formas” e que é normal ficar frustrado com os limites do trabalho, “mas isso não é mal. Pois é a insatisfação e a dúvida que movem a gente.” Descubra ainda como foi a infância, entre a cidade e o campo, desse pirogravurista que tem 15 anos de carreira e mais de cem livros publicados.

Editora DCL – Mauricio, como foi sua infância?

Mauricio Negro (MN) – Nasci na Avenida Paulista em 1968, o ano que nunca acabou, mas que para mim só estava começando! Minha família é de Santana. Do Jardim São Paulo mudamos depois para o Jardim Paulista. E para completar sou sãopaulino, filho de ex-boleiro. Sou, enfim, paulista da gema.

Quando criança zanzava livre pelo bairro, como era normal, à pé ou de bicicleta. Jogava bola, taco, queimada e fazia pipas. Adorava, sobretudo, o quartinho do fundo do quintal, o primeiro ateliê. Que dizer, era onde eu, minha irmã e eventuais primos ou amigos fazíamos as nossas experiências! (Por isso, nossa casa estava sempre misteriosamente arrumada). Lá montei uma vez uma peça de teatro de bonecos para o pessoal do bairro. Fiz o roteiro, bolei personagens, suas falas, construí os bonecos e figurinos com a ajuda da minha avó e editei a trilha sonora. Um dos heróis, que era recheado de alpiste, vazou durante a encenação.

Mas os momentos mais marcantes da minha infância, sem dúvida, foram vividos na Fazenda Santa Rosa. Era lá onde passávamos as férias, feriados, todo tempo que conseguíamos. Lá passava horas abstraído na mata, fuçando e me deslumbrando com uma infinidade de cores, formas, cheiros, ruídos e movimentos. A floresta é uma biblioteca ou sinfonia verde, e não apenas verde, de infinitos volumes e leituras. É ali que percebemos como somos seres toscos e presunçosos. Alguns personagens também me marcaram. Lembro da suavidade e força do Seu Altino, principal empregado da fazenda, filho de ex-escravos. Também acompanhei seus conhecimentos para serrar, construir, assorear, amarrar, laçar, consertar, abrir poço, pescar pitus e outras tantas habilidades. Foi também naquelas matas que vi jaguatirica, guará, cateto e muitas cobras. Lembro também do acampamento de escoteiros, acampados na floresta. E dos amigos e vizinhos, os velhos Carlinhos e Clarice, que viviam o conflito entre abandonar ou manter muito discretamente as tradições afrobrasileiras. Meu avô Nenê (nonno, bem dito) e Seu Carlinhos foram amigos, assim como as respectivas famílias, por longos anos.

Mas também me recordo das dificuldades, das queimadas que na seca se alastravam. E vinha gente ajudar a apagar até de vassoura na mão. Ainda fico muito triste com isso, pois as queimadas são uma ameaça ambiental ainda maior do que a fumaça dos escapamentos dos carros. E também não esqueço outras coisas, não menos impactantes, como algumas fortes tempestades e geadas, alguns acidentes eventuais, as ameaças de loteamento e a dificuldade financeira e logística de zelar por um patrimônio privado, de benefício público.

DCL – Você falou do teatrinho que apresentou aos amigos... Você tinha consciência do que estava fazendo?

MN – Meu único impulso foi me divertir, divertindo. Lembro bem do entusiasmo e da mágica que senti em ao misturar tudo aquilo. Mas é claro que não tinha a menor noção do que fazia. A graça daquele momento é a mesma que carrego agora. Um artista nunca sufoca sua criança interior.

Os adultos perdem o passaporte para transitar entre a fantasia e a realidade, como toda criança faz. Mas têm a chance de recuperá-lo quando conseguem reaprender com os próprios filhos. Portanto, não me vejo como alguém que faz arte ou literatura para crianças. Sou o mesmo menino que continua brincando de teatro de fantoches para se divertir. É claro que precisamos do aplauso, reconhecimento – e dinheiro! – mas fazer força para agradar não é o mote. O artista brinca com a realidade para assimilá-la, assim como fazem os filhotes de tantas espécies.

DCL – Agora, fale de sua infância e a relação com os livros e com as artes gráficas, quando você ainda não sabia o que eram artes gráficas.

MN – Os livros têm sido desde sempre boa companhia. Por sorte, meu avô e meus pais gostavam de leitura. Exemplos assim são estratégicos para despertar o interesse da gente. Até hoje, nas estantes do meu estúdio, tenho alguns exemplares raros de obras universais, edições encadernadas, com capas de tecido, gravuras etc. Herdei uma parte do acervo. Outra ainda, ficou com meus primos. Se em casa já havia gente lendo, na escola alguns poucos amigos também eram leitores entusiasmados. Costumávamos trocar dicas e livros. E lia qualquer tipo de livro, sem imposições. Gostava de ler em casa, no sítio ou mesmo na praia.
Embora já tivéssemos TV, o negócio era controlado. Tinha que dormir cedo. Mas o tempo era mais elástico. Lembro que ouvíamos música na vitrola, horas a fio. As mulheres da família sambavam levantando fiapos do tapete de palha. E meu pai e eu fazíamos a percussão. Uma delícia era jogar escravos de Jó, com caixinhas de fósforos, e a mesa cheia de gente. Café preto, baralho e pinhão assado. Ao contrário da cidade, o melhor do campo é o lado de fora. Só íamos para o quarto para dormir. Essa liberdade hoje em dia tem que ser reconquistada.
Minha mãe é uma mulher inteligente e sensível. Onde pôs a mão, fez bem feito. Dela herdei a queda para as artes, pincéis, palhetas e tintas. Trabalhou anos com porcelana, óleo, desenho à carvão e bico de pena. Também estudou e praticou a arte milenar, e hoje rara, do autêntico charão chinês, que mistura resina vegetal, ouro em pó, madrepérola, pedras, entre outros materiais nobres, com uma técnica refinada de polimento que exige muita paciência e suor. Foi também professora e sempre gostou de escrever. Fui por ela estimulado a desenvolver tudo aquilo que já manifestava espontaneamente. Sempre curti desenhar e escrever, mas só compreendi o eram as artes gráficas nos anos 1990. E ilustrei o primeiro livro infantil em 1992. Daí, não parei mais. Pois descobri, aos poucos e com gosto, o sentido de fazer o que faço.

DCL – Como era São Paulo nos anos de sua infância e adolescência?

MN – Pertenço à geração sanduíche. A que tem visto as coisas mudarem mais rápido e radicalmente. Que cresceu entre a pílula e a camisinha. Entre a ditadura e a democracia. Entre o macro e o microondas. Entre o fast food e a volta da slow food!

Quando criança, lá no meu bairro, era tudo mais tranqüilo. Era possível ficar na rua até o horário combinado de voltar para casa. Minha mãe só reforçava o óbvio. Não aceitar carona ou bala de ninguém. Coisas desse tipo. Andava de bicicleta o dia todo e aproveitava as peladas com bola de capotão, no terreno baldio. Na esquina vizinha morava o Ayrton Senna, que era adolescente e ninguém fazia a menor idéia do seu destino.

Arquitetura mesmo, só fui perceber na faculdade. Achava bacana, principalmente sem régua e esquadro! Mudei de curso quando percebi que gostava mesmo é de arte e comunicação. Por sinal, tem um monte de arquitetos que viram ilustradores, designers ou artistas plásticos. São Paulo está infestada de prédios caricatos, com nomes estrangeiros e estilo neonada. Será que morar em um Villaggio di Veneto, Termi de Caracalla ou Maison Debret faz sentido? Sofremos bastante, sem perceber até, com essa perda de identidade. Não é de hoje. O etnógrafo francês Claude Lévi-Strauss, lá pelos anos 1930, já tinha notado essa tendência burguesa em querer ser o que não é, quando conheceu os tristes trópicos. Existem arquitetos admiráveis, é claro. Mas a opinião dominante, que condiciona as demandas, ainda se equivoca demais. Somente alguns têm olhos para enxergar a própria riqueza. A maioria fica de olho na galinha do vizinho, que parece misteriosamente sempre mais gorda.

DCL – A sua relação com a natureza é algo muito presente nas suas ilustrações. Você acha que isso contribui para a formação de seu estilo de desenhar?

MN – Taí algo que vale comentar. Durante alguns anos, fui muito influenciado pela chamada cultura pop. Que é diferente da cultura popular, pois tem a ver com a vivência urbana. Por conta da globalização, as cidades se assemelham demais. Seus cidadãos compartilham referências, modas, comportamentos, angústias e desejos. E todas as formas de arte, feitas nesse contexto, acabam orbitando em torno dos mesmos valores, vícios e algumas virtudes. Mas acho que não resolvemos bem a equação de viver, sem impactar, sem degradar, sem violar o que aqui estava bem antes de nós. Como herdeiros da revolução industrial somos agora obrigados a rever a idéia de progresso, pois a mesa está bastante bamba.

Morei um período na França e tive a chance de comparar realidades. Quem tem uma oportunidade dessas, ao menos uma vez na vida, sabe o que significa. Pude perceber o que é ser de terceiro, num país de primeiro mundo. E não se trata somente de um trocadilho bobo. Voltei com a convicção de que, se é que existe uma utopia mais sensata, devíamos todos nos preocupar em forjar uma nação de segundo mundo. Pois está faltando equilíbrio, em muitos sentidos.

A experiência por lá também me fez compreender uma série de coisas que antes apenas vislumbrava. Fui forçado a rever minha própria identidade como cidadão e artista brasileiro. Não trouxe papéis refinados e pincéis de pêlo de marta. Meu desejo foi buscar o material mais bruto, espontâneo e original que pudesse encontrar aqui no Brasil, como compensados e restos de materiais reaproveitados, cartolinas, papelão e anilinas compradas em lojas de material de construção. Mais do que um motivo, havia um sentimento.

Na volta ao estúdio em São Paulo, decidi usar o fogo para gravar. Porque era o mais primitivo recurso que eu consegui conceber. Mais tarde, notei que poderia acrescentar pigmentos naturais. E fui testando materiais, fazendo misturas. Tudo foi se revelando por etapas. Hoje, penso que a abordagem que tenho feito através das pirogravuras não é somente uma questão de estilo ou expressão. Há uma mensagem subliminar contida no uso desses recursos alternativos ou orgânicos.

Quando me dei conta, já tinha deixado a cidade para trás e me virado novamente para o sertão. A natureza reentrou pela porta aberta e fiquei feliz da vida com isso!

DCL – Essa imagem que você trouxe, da floresta como uma biblioteca ou sinfonia verde, é de sua infância ou veio depois de adulto essa noção?

MN – Acho que essas percepções todas ocorrem quando somos crianças ainda. Até porque estamos mais receptivos a tudo nos primeiros anos. Nunca pensei na floresta como um biblioteca verde naquela época, mas certamente já a sentia dessa forma. A comparação só me ocorre agora. Porque aprendi a dar forma àquele sentimento. Acho que é mais ou menos assim que funciona. A natureza dá mais sentido e chão para as minhas ilustrações e idéias de agora.

DCL – Você diz que acompanhou os conhecimentos de serrar, assorear etc. Tem algum desses conceitos que você usa no seu trabalho como artista plástico? Como isso começou a fazer parte de seu trabalho?

MN – Nunca pensei sobre isso. Mas é uma idéia bem interessante…


DCL – Toda sua vivência (infância etc.) é fonte de inspiração, né?

MN – A vida é uma surpresa. E pode mesmo fornecer muitos motes. Nesse sentido, somos apenas plagiadores em termos de criação. Nem mesmo dá para dizer o que nos influencia mais. Tudo conta, mesmo o que desprezamos ou sequer notamos.

Fico meio cabreiro com aqueles nostálgicos demais com a própria infância. As memórias ainda são intransferíveis e pessoais. Toda infância também traz aspectos amargos ou dolorosos. E os mais velhos sempre se esforçam para lembrar apenas do melhor. Às vezes, soa até cruel insinuar às crianças que não terão um infância como a que nós tivemos! Mas admito que as perspectivas não são mesmo muito animadoras, se não houver mais atitude dos adultos em nome da ética universal e da bioética.

Mas o mundo de hoje tem contornos diferentes. Sou mesmo muito crítico à humanidade, lá no íntimo. Mas não gosto de traçar um retrato negativo definitivo, para crianças que ainda saboreiam suas primeiras descobertas, num ritmo já tão distinto do meu. E se, apesar de tanta inegável dificuldade que elas hoje encontram, existirem compensações e saídas que eu mesmo não sou capaz de perceber? Não sei, o fardo que herdam é mesmo bem pesado. Não sei o que farão com isso. Mas ainda há tempo. Temos que arregaçar as mangas. E a hora é agora. Não tenho filhos ainda. Mas penso com freqüência nessas coisas, com certeza.
Ainda sobre esse tema, preparo um novo livro, na companhia do escritor indígena Daniel Munduruku. Terá justamente esses temas como eixo central, com o plano de resgatar certas reflexões fundamentais sobre a vida e a natureza. Mas o resto é segredo, por enquanto!

DCL – Partindo da pergunta anterior: Qual é a função ou papel do livro infantil na construção do imaginário infantil e na formação do leitor?

MN – Creio que o livro infantil é uma das últimas reservas naturais da fantasia, franqueada a qualquer criança, tenha a idade que for. Mas é preciso deixar suas tralhas na chapelaria, antes de entrar. Isso é uma condição obrigatória. Diante de um mundo adulto empobrecido pela obsessão em catalogar, explicar, coisificar, desmitificar, documentar e muitos outros recursos que adotamos em nome de uma suposta objetividade. O escritor Jorge Luís Borges anunciava que preferia a ficção à realidade, pois a última lhe parecia falsa demais. Também acho que somente a poesia e a fantasia podem revelar certas coisas. A subjetividade na arte é essencial ao pensamento e ao desenvolvimento do espírito critico e da identidade.
Antes de existir a literatura infantil, como os adultos a decidiram chamar, existia a literatura por si só. E antes da escrita, narrava-se apenas. Quando os índios contam histórias ao redor da fogueira, adultos, velhos e crianças reúnem-se para ouvi-las. Vejo que os adultos deixam-se hoje seduzir pelos livros infantis sob o pretexto de presentear ou ler para as crianças. Muitos lêem, e obtém mais prazer com isso, que pelos seus livros de auto-ajuda, biografias ou literatura dirigida. A literatura infantil, através de palavras e imagens, pode mesmo proporcionar um deslumbramento. E encantar quem estiver disponível para a poesia que costumam conter. A criança se identifica com isso, porque isso é parte do seu cotidiano. Sem condicionamentos ou respostas prontas. O amor pelo livro, de uma forma geral, pode gerar amor pela vida. E isso é para sempre.

DCL – As idéias que você transmite em seus trabalhos costumam ser definitivas? Já houve alguma vez em que você ficou insatisfeito e quis modificar depois de pronto e entregue um trabalho?

MN – Nada é definitivo, na vida ou na arte! Quem não é capaz de mudar de opinião está em apuros. É normal ficar frustrado com os limites do seu trabalho. Quase sempre, o resultado final fica diferente do imaginado. São muitas etapas, da idéia à construção da obra. Temos que nos conformar, porém. E quando a criatura afinal ganha vida, poderá colocar o criador em cheque! Mas isso não é mal. Pois é a insatisfação e a dúvida que movem a gente.

DCL – De que forma a leitura do texto que você vai ilustrar interfere na escolha da técnica? Conte o caso de Brasil-folião.

MN – Tenho buscado vincular, dentro de certos limites, o conteúdo do livro ao material e recursos técnicos empregados. Um processo bem estimulante para mim. Os materiais podem ser uma maneira alegórica de comunicar. A atitude implicada nisso conta, além das ilustrações propriamente ditas. Nem todo leitor se dá conta, é claro. Mas gosto de brincar com isso. No Brasil-folião, por exemplo, usei papel bruto como suporte, anilinas baratas e pigmentos naturais como açafrão, café, óleo de nogueira etc. Recursos disponíveis, acessíveis, bem brasileiros enfim. E acrescentei lantejoulas, paina e palitos de fósforos, conforme o caso. É uma espécie de metaliguagem, que pode expandir a mágica.

DCL – Você também escreve, Mauricio. Mate a curiosidade do leitor e conte como é o momento de criação de um artista completo. Na sua cabeça já vem texto e ilustração? Já aconteceu de a imagem ser criada antes do texto?

MN – Algumas vezes o conteúdo do livro surge com formas. Assim foi com o Zumzumzum, que é um livro de imagens. Primeiro pensei em dragões e serpentes sendo engolidos quase infinitamente, como acontece na história da humanidade. A cultura dominante que sempre absorve as anteriores. E percebi o percurso étnico que poderia explorar com a minha Ouroboros. Depois, me perguntei o que mais poderiam representar aquelas criaturas sinuosas em tradições distintas. Isto é, o mesmo motivo e suas conotações diversas. O dragão para os chineses é um símbolo positivo, ligado à força da natureza. Na Europa medieval, pelo contrário, foi sempre associado ao mal e às tentações da alma. O que conta é a interpretação contextual de cada indivíduo. Então, montei a narrativa de trás para frente. Somente no final descobre-se que a vermelhidão no braço do menino – na verdade, apenas uma queimadura de taturana – deu margem à múltiplas leituras extrapoladas e concepções mitológicas.
Tem casos em que o texto nasce antes. Como o poema recitado pelo feirante no livro Quem não gosta de fruta é xarope. Tomei carona nessa forma bem-humorada de divulgação popular para lembrar das várias frutas brasileiras ou aclimatadas. Para fazer refletir sobre a globalização e a brasilidade. Ao escrever o poema, jamais pensei em ilustrá-lo com as frutas mencionadas ao pé-da-letra. Então, fiz um passeio por alguns cenários, tradições e ícones nacionais. Tudo em nome da diversidade, em terrenos diversos. Para celebrar o que temos de bom. E o que muitos desconsideram, infelizmente. Nesse livro as ilustrações vieram depois do texto, com a cama já feita.

DCL – Agora conte-nos a sua opinião sobre a importância da ilustração no livro infantil.

MN – Em cada livro há uma dança potencial entre as palavras e as ilustrações. Quando existe um entrosamento bom entre os pares é uma beleza. Do contrário, alguém pode levar um pisão indesejado. A imagem tem muito mais relevo hoje do que tinha no passado. O cenário mudou. Houve uma perda significativa de vocabulário e uma simplificação às vezes excessiva nos textos. Para compensar, as edições têm sido cada vez mais exuberantes nas imagens e projetos gráficos. E o diálogo entre esses elementos que compõem a obra passou a ser talvez o desafio para o livro contemporâneo. É preciso compreender que a ilustração também tem autonomia, também comunica e pode trazer uma narrativa própria ou até mesmo ousar contrapor o texto em casos especiais.
Os livros ilustrados também podem ajudar crianças e adultos a ler criticamente o mundo complexo e imagético que nos cerca, cheio de símbolos mutantes, ícones, sinais de trânsito, mensagens subliminares, botões, logotipos e tantos outros códigos visuais. Fala-se muito sobre a questão de leitura no Brasil. Mas poucos dão a devida atenção ao analfabetismo visual, cuja importância não pode ser esquecida. Os adultos, mais do que as crianças, têm muita dificuldade para ler e interpretar imagens. E todos os dias são manipulados pelo que vêem e assistem na TV.
A ilustração no livro infantil ajuda construir a atmosfera da obra. Envolve o leitor, quase que imediatamente. Quando bem concebida e realizada é como um campo magnético protetor ou um colchão isolante da realidade. Tem quem ainda pensa que ilustrar é adornar, incrementar as vendas ou somente calçar a leitura. Tem um significado que prefiro: ilustrar é jogar uma luz sobre um tema. Não somente para elucida-lo completamente. Pode ser uma meia-luz, criada apenas para intrigar, insinuar e provocar o leitor, deixando espaço para a sua imaginação.