segunda-feira, 16 de abril de 2012

NEGRO NO ÁGUA BRANCA: PÓS-OFICINA

Crianças de perfis e idades diferentes botoram a mão na massa no domingo. Gostei de encontrar alguns amigos e colegas ilustres, que estiveram por lá com seus filhotes para participar da oficina.

Todos foram receptivos e, sob à sombra e benção das árvores do Água Branca, talvez pintassem por toda a tarde se pudessem. E só na base do bate-papo, arte e natureza, fruição sincera e compartilhamento.

Dei uma palhinha leve sobre o povo Munduruku, focando na questão do sagrado e na percepção deles sobre a vida. Expliquei que esse povo guerreiro hoje enfrenta adversários poderosos como a usina hidrelétrica de Teles Pires. Que é uma ameaça às sete cachoeiras sagradas do povo Munduruku, onde mora a mãe de todos os peixes. Aonde, sob as àguas, vão todos os Munduruku depois de morrer. Patrimônio intangível e natural desse povo. Bem como para os Apiaká e Kayabi. Obra já iniciada, de forma controversa e arbitrária, que está sob processo jurídico movido pelo Ministério Público.

Para os Munduruku aquelas águas, quedas e lugares são templos sagrados. Destruí-los é como por abaixo uma igreja, uma sinagoga ou qualquer monumento público tombado. Puxei daí o mote para as pinturas da criançada, propondo que retratassem o que era sagrado e intocável para elas. Ganhei de presente algumas obras-frutos e espero ter dispersado algumas sementes.

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